sexta-feira, 11 de abril de 2014

O linchamento do estuprador inocente

Ela andava sozinha pela rua, despreocupada, viajando em seus pensamentos, como qualquer outra garota da sua idade. Afinal, com doze anos uma garota não tem muito com o que se preocupar, além de suas relações com suas amigas, com seus irmãos, seus pais.

Ele vinha andando, sem um rumo certo. A vida nunca foi justa com ele. Nunca teve oportunidades de ter uma vida boa. Família pobre, mal conheceu o pai. Sua mãe nunca esteve presente, sempre trabalhando fora para sustentar os filhos.

A garota vem da escola, carregando sua mochila rosa. Cabelos presos num rabo de cavalo. Suas roupas simples e infantis deixam os braços e pernas à mostra.


A cabeça do rapaz é confusa, ele não consegue concluir nenhum raciocínio que faça sentido. Qualquer um que pudesse ler seus pensamentos ficaria irritado pela forma estúpida como ele compreende a realidade ao seu redor.

A garota avista o rapaz. Ele não é nada bonito para um rapaz jovem. Ela sente repulsa, mas como toda garota educada, sorri quando encara uma pessoa, mesmo desconhecida. Já viu o rapaz passando muitas vezes, mas não sabe quem é.

O rapaz está acostumado a ser maltratado, raras são as vezes em que alguma gentileza é direcionada à ele.
O sorriso da garota, desperta uma atração instintiva, que o faz querer mais. Ele sorri de volta, mas ela não responde. Baixa a cabeça e segue seu trajeto se afastando dele.
Não é a primeira vez que ele à vê. Tão pequena e frágil, não poderia ir muito longe se ele não quisesse. Em sua mente, uma enxurrada de pensamentos sádicos começa a preencher seu raciocínio. Sem muito a perder, e acostumado a ser rejeitado, ele cria coragem:
- Oi mocinha! Vem aqui! Deixa eu te mostrar uma coisa!

Ela se assusta, e acelera o ritmo dos seus passos.

O rapaz dá alguns passos na direção da garota, que se assusta ainda mais e começa a correr. Ele sabe que se correr também, vai chamar atenção e estragar tudo, então resolve disfarçar e ficar rondando pela rua até ter um momento mais oportuno.

Chegando em casa ofegante, a garota chama a atenção dos parentes. Conta o que aconteceu, e desperta a ira dos tios, mãe e primos, que já estavam irritados por ver o rapaz estranho rondando a rua.
Rapaz estranho, sempre sujo, não conversa com ninguém. Não estuda e não trabalha, certamente está em busca de confusão.

A ira de uma pessoa pode ser contida pela razão, mas quando um grupo de enfurece, somente o gosto de sangue ou de vinho é capaz de fazer a irá se esvair.

O rapaz se espanta com a aproximação das pessoas. Está acostumado a ser mal-visto, mas desta vez os olhares não expressam desprezo, mas ódio!
Eles batem primeiro e explicam depois. Ele não tem tempo para se explicar. Está caído no chão, sangrando.
Não importa que ele não reaja, não importa o quanto implore, eles não parecem sentir nenhuma empatia por ele.

...

Quando a polícia chega ao local, encontra um corpo inerte. Sangue e ossos quebrados, ninguém pode ser acusado...

A única vítima foi a mãe do rapaz, que trabalhava enquanto seu filho fechava os olhos pela última vez.

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